segunda-feira, 15 de outubro de 2012

III


Na manhã seguinte além do som das águas e pássaros, ouvia risos de mulher. Ainda atordoado pela ressaca, levantou um pouco a cabeça e viu que perto dele havia um chinelo e uma camiseta. Levantou um pouco mais seu tronco e enxergou na cachoeira uma garota de biquini. Como ela estava de costas, ele puxou sua mochila de forma que ela virasse um travesseiro e ele à enxergasse, sem que precisasse ficar sentado. Com os olhos semicerrados à observava. Era a melhor coisa que vinha lhe acontecendo desde então,  os mergulhos na água fria, aqueles risos infantis naquele belo corpo de mulher. De repente, ela se virou em sua direção e percebeu que mesmo disfarçadamente ele a observava; ela sorriu.
Saiu da água e chegou ao lado dele dizendo:

- A água tá ótima!

Ele apenas fingiu estar acordando e se espreguiçou. Ela completou:

- Boa pra curar a ressaca.

Olhando a garrafa que ainda continha uma pequena quantidade.
Ele achou a ideia de entrar na água gelada era ótima, além de ajudar a curar a ressaca, acalmaria sua ereção matinal que era reforçada com a presença da garota. Tirou seu tênis e sua camiseta ainda sentado, levantou-se e mergulhou.
Aquela água gelada o imbuía de uma força maior, tal qual os religiosos sentem em um templo ou torcedores em um estádio. Se sentiu injetado nas veias (do que evitava chamar) de Deus.
Quando tirou a cabeça pra fora da água só sentia vontade de gritar e o fez. Imediatamente ela mergulhou também e parou há poucos centímetros de seu corpo. Ele pensou em perguntar seu nome ou qualquer coisa irrelevante, mas antes disso ela começou a disparar-lhe água sobre a face nem dando tempo para que respirasse.
Ela ria e aquela infantilidade o impregnou que antes mesmo de perceber, atirava água nela rindo satisfeito, até que exaustos pararam sorrindo ofegantes. Algo o tomou de súbito e todo o amor que carregava pelo mundo incidiu em seu coração, que assim como um prisma faz com a luz, polarizou todo aquele sentimento para aquela garota. Se beijaram... sorriram mais.
Saíram tremendo, ele tomou um gole do conhaque e ofereceu para ela, ela “matou” e disse sorrindo:

- Vamos lá pra casa, eu tenho mais.

Juntaram suas coisas e partiram.